Abel e Caim
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Sertanejo Raiz – Perfil Abel e Caim: Uma Dupla Brasileira

Perfil Abel e Caim: Uma Dupla Brasileira 

Se na Bíblia, Caim matou Abel, tornando-o o primeiro homem a ser assassinado, na música brasileira eles se uniram e espalharam seu cantar pelo nosso Brasil de Deus.

Complicado? Não. O ABEL e CAIM da música é uma dupla formada pelos primos José Vieira, nascido em Itajobi, SP, em 1929 e Sebastião Silva, nascido em Monte Azul Paulista, SP, em 1944, que gravou inúmeros sucessos como MÃE AMOROSA, de Tanabi e Aleixinho, DERRADEIRO ADEUS, de Dino Franco, PRETINHO ALEIJADO, de Teddy Vieira e Luisinho, etc., etc.

Sebastião, o CAIM, cantava desde a infância, quando fazia parte do TRIO MIRIM, que chegou a ter programa próprio na RÁDIO CLUBE DE MARÍLIA, SP, em 1955. No ano seguinte, 1956, José Vieira, o ABEL, também já cantava na Rádio A VOZ DE CATANDUVA, SP, em dupla com Xupim. Mas só mais tarde os dois resolveram cantar juntos, em São Paulo, onde atuaram na TV Cultura, no programa “Cidade Sertaneja”.

abel e caim

Foto: Divulgação

Em 1966, premiados num torneio de violeiros, adotaram o nome que os consagraria na música: Abel e Caim, sugerido por Geraldo Meirelles, segundo Rosa Nepomuceno em seu livro MÚSICA CAIPIRA, DA ROÇA AO RODEIO, e o DICIONÁRIO CRAVO ALBIN DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA. (Há quem diga que a sugestão foi dada por Jacó e Jacozinho, dupla que os apadrinhou no início da carreira).

No mesmo ano gravam o primeiro LP, pela Chantecler, e as músicas SANTA LUZIA, de Yolando Mondine e Dorival Teixeira, DESILUSÃO, de Dada, que fazem sucesso. Mas é a já citada MÃE AMOROSA a que os projeta em todo o país e logo são convidados pela Radio Nacional para defender a música NATUREZA, de Dino Franco, no 1º Festival realizado por esta emissora.

Em 1967, no segundo LP, ainda pela Chantecler, repetem o sucesso com A BANDINHA, de Leo Canhoto, e MENINO BOIADEIRO, de Tanabi e a já citada NATUREZA.

Em 1968 ABEL e CAIM gravam, pela Continental, duas músicas que também são sucessos: DERRADEIRO ADEUS, de Dino Franco, e MILAGRE DO RETGRATO, de Sulino e Paulo Calandro.

Em 1970, em LP gravado pelo selo Tropicana, da CBS, a dupla emplacou ARCA DE NOÉ, de Martins Neto e novamente PRETINHO ALEIJADO, que já tinha sido gravado anteriormente.

Em 1972, em LP na RCA, foi a vez de CHUVA, SANGUE DA TERRA, de Lourival Santos e Tião Carreiro, explodir em todo o Brasil. No mesmo disco, TRISTE OCORRÊNCIA, de Jack e Abel, também faz grande sucesso.

Em 1975, novamente pela Continental, gravam LP com os sucessos O MENINO E O CACHORRO, de Dino Franco e Caim, INGRATIDÃO DE FILHO, de Jack e Caim, e ADEUS, BOIADA!, de Nestor e Zeca.

Na década de 1990, com o novo boom da música regional, a dupla se apresenta em circos, feiras, rodeios, etc., por todo o Brasil e em 1991 sai, pela Continental, ABEL E CAIM e, em 1994, SOM DA TERRA: ABEL E CAIM, pela Warner.

Numa terra de Duplas geniais como TONICO e TINOCO, TIÃO CARREIRO e PARDINHO, CASCATINHA e INHANA, etc., etc., ABEL e CAIM têm lugar garantido na história da MPB rural. E se na Bíblia o ciumento Caim matou porque Deus se agradou mais do presente dado por Abel, derramando-lhe o sangue sobre a terra, em nosso vasto e generoso país – Caim uniu sua voz à de Abel e derramaram sobre nós sua Arte. Uma arte com cheiro de terra, de orvalho, de chuva. Uma terra com cantar de galos madrugadores e de seresteiros notívagos, de berrantes nas tranqüilas estradas pantaneiras e batucadas nos morros das cidades. Uma terra que, enquanto houver essas duplas maravilhosas, essas vozes que cantam à alegria e à tristeza, ao trabalho e ao lazer, será uma terra abençoada. Uma terra para sempre chamada Brasil.

Por: Yassir Chediak para o Sertanejo Oficial

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